Victor Mattina | desmesura



Victor Mattina | desmesura

galeria marcelo guarnieri | são paulo

abertura
4 de outubro, 2024
19h-22h

período de visitação
4 de outubro – 14 de novembro de 2024



Alameda Franca, 1054
São Paulo – Brasil
[ mapa ]



A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar, entre 04 de outubro e 14 de novembro de 2024, “desmesura”, segunda exposição individual de Victor Mattina em nosso endereço de São Paulo. A mostra, que reúne dez pinturas inéditas e um díptico, é acompanhada pelo poema “O Monstro”, de Flávio Morgado.

Em “desmesura”, Mattina explora, através da pintura, a qualidade da representação monstruosa e a condição de liberdade sob a qual reside a figura do monstro. Suas composições se constroem a partir de visões fragmentadas, vultos, manchas, criaturas antropomórficas e associações improváveis, como se estivéssemos diante de um mundo que, ainda que orientado pelos mesmos símbolos que compõem o nosso, operasse sob uma outra lógica. É nesse limiar entre o reconhecível e o absurdo que se sustentam as pinturas de Mattina, e é nessa impossibilidade de categorizar suas figuras, como em “Capital amanhece sob um novo sol” ou seus encontros estranhos, como em “Missa para raios catódicos”, que o artista enxerga uma potencial emancipação da imagem. Embora tenha como base de sua prática a pintura figurativa, Victor Mattina não a utiliza como ferramenta para uma representação transparente, pelo contrário, é o seu domínio da técnica que lhe permite aproximar a figuração ao inverossímil. “Em ‘Arteriograma de Ka’ há uma cena algo barroca com corpos amontoados em primeiro plano, em frente a uma espécie de templo. É uma pintura de índices, alusiva a uma ideia de antiguidade sem nunca dizer onde ou sobre quem.”, observa o artista.

O Poema “O Monstro”, de Flávio Morgado, que acompanha a exposição, é fragmentado em seis partes, em diálogo com a montagem de “Elegia I” e “Elegia II”, pinturas que possuem mais de 4 metros de comprimento cada, também divididas em seis partes. O poema percorre alguns aspectos das pinturas de Mattina – A dimensão, A correspondência, A feitura, A técnica, A

escala, A paleta –, aspectos estruturais que apontariam para uma análise mais categórica da obra, mas que por meio da linguagem poética, se libertam de definitivos, transbordando os seus limites. Em “desmesura”, texto e imagem se reconhecem pela recusa das funções que deveriam exercer em um mundo normativo. Criam, juntos, uma espécie de limbo visual. Como escreve Morgado na primeira parte do poema: “monturo de ossos, inóspita paisagem / que nos acolhe, o ponteiro da estranheza / marca meia-noite na consciência e / seis telas declamam, no eco de sua fatura, / um grande verso de desterro.”

Em diálogo com a mostra “desmesura”, de Victor Mattina, serão apresentadas no mezanino da Galeria um conjunto de obras de Marcello Grassmann (1925-2013), Oswaldo Goeldi (1895-1961), Guima (1927-1993) e Iberê Camargo (1914-1994), artistas brasileiros que, por meio da gravura e da pintura, também exploraram a dimensão monstruosa da representação figurativa.

Victor Mattina (1985), vive e trabalha no Rio de Janeiro – RJ. Desenvolve suas pesquisas em pintura, gravura e vídeo. O ponto nevrálgico de seu trabalho é a relação indicial que as imagens estabelecem conosco e como nós lidamos com o mundo mediado por estas imagens. Mattina participou de diversas residências, como Vermont Studio Center (EUA), Soy Loco Por ti Juquery (SP), Fundação Joaquim Nabuco (PE) e Bolsa Pampulha (MG). Dentre as principais exposições, destacam-se as individuais Assim que passou a ver tudo quanto não havia (Galeria Athena, Rio de Janeiro), ponto-zero/ponto-nulo (Galeria Marcelo Guarnieri, SP), e Antes do Fórum (Paço Imperial, Rio de Janeiro); e as coletivas SORRY CAPS – (ainda brasil, SP), A Luz que Vela o Corpo é a mesma que Revela a Tela (Caixa Cultural, RJ), Mais Pintura (Sesc Quitandinha, RJ). Victor vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Flávio Morgado (1989) nasceu e foi criado em Brás de Pina, zona da Leopoldina, subúrbio carioca. É poeta, autor de “um caderno de capa verde” (7Letras/2012), “uma nesga de sol a mais” (7Letras/2016), “Refinaria da cólera” (Coleção Megamini/2019) “preciso” (7Letras/2019) e “Quero te dar o corpo total do dia” (em parceria com a artista plástica Marcela Cantuária, editado pela Revista Philos/2021). Em 2013, chegou às semifinais dos prêmios Jabuti e Portugal Telecom (atual Prêmio Oceanos); e em 2017, às semifinais dos mesmos prêmios. Teve poemas traduzidos em coletivas estrangeiras para o espanhol, inglês, alemão, francês e grego.

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