LUIZ PAULO BARAVELLI
galeria marcelo guarnieri | ribeirão preto
abertura
12.03.2020 / 19h – 21h30h
período de visitação
12.03 – 06.06.2020
rua nélio guimarães, 1290
ribeirão preto – sp – brasil / 14025 290
[ mapa ]
A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta, de 12 de março a 6 de junho de 2020, a exposição individual de Luiz Paulo Baravelli em sua sede de Ribeirão Preto. A mostra reúne pinturas, objetos e desenhos, sendo a maior parte das obras executada nos anos de 2019 e 2020 a partir de projetos da década de 1970. Formado arquiteto e consagrado como pintor, Baravelli sempre explorou o espaço tridimensional, não só no campo físico, mas também no campo virtual de suas pinturas e desenhos. Nas obras que compõem a mostra, trabalhou com terracota, madeiras de imbuia, jatobá, aroeira e garapeira e materiais industriais diversos como alumínio, latão niquelado, metal cromado, fórmica, ferro e PVC. Além dos trabalhos, também poderão ser vistos alguns projetos. No dia 13 de março* (sexta-feira), às 19h, o artista fará uma fala no espaço expositivo da galeria.
Trabalhando a partir da cronologia circular e tentando abdicar da linear, Baravelli retorna, com alguma frequência, aos seus cadernos de referências e a trabalhos antigos, a fim de reutilizá-los em novas obras, refazê-los ou alterá-los em outros suportes. “Comparei depois o artista a um fazendeiro, que cuida de muitas coisas diferentes dentro de uma área e volta periodicamente a elas”, declarou em uma entrevista. É o caso de “Arquitetura/Pintura n3”, “Para Cezanne” e “Sem Título”, obras que foram desenhadas em 1974 e produzidas apenas em 2019. A encáustica que antes era empregada em suas pinturas para dar cor e forma a figuras bidimensionais, tem um uso particular nestes objetos, servindo como uma camada que os recobre em suas três dimensões e que dá ao compensado não só uma nova cor, mas também uma nova textura.
O artista utiliza-se de uma grande variedade de materiais e técnicas, experimentando-os, desde o início de sua carreira, em combinações diversas. Parece natural que o encontro entre discos de latão niquelado e pequenos troncos de uma árvore de jatobá tenha sido causado pelo mesmo artista que elegeu algumas produções do Renascimento Italiano e certos elementos da cultura pop como referências igualmente importantes dentro do seu trabalho. Considera-se um pintor, e embora entenda a pintura como ilusão e sua prática exigente de um dedicado trabalho artesanal, não se imobiliza diante das velhas dicotomias figurativo vs. abstrato ou virtuoso vs. conceitual. Sua ideia daquilo que é ilusório parece ter menos a ver com um truque de mágica indecifrável ou impressionante e mais com as estratégias bem humoradas dos desenhos animados, como a clássica do buraco que se forma pela pintura de um círculo preto. Trata-se da pintura como imagem, mas também do seu caráter objetual, quando, por exemplo, o círculo preto deixa de ser uma pintura presa ao chão e passa a ser um objeto movido pelo personagem para que seu inimigo seja sugado por ele. O que acontece dentro do quadro de Baravelli e aquilo que o define em seu formato tridimensional tem o mesmo grau de importância na construção da obra, da mesma maneira que um acabamento bem feito em relação à uma ideia.
É possível observar em sua prática um método de construção arquitetônica, não só pelo uso de uma linguagem gráfica própria da arquitetura – explorando as noções de perspectiva, planta, elevação e corte –, mas também pela maneira como combina elementos de origens diversas por camadas, como quem constrói uma casa: a estrutura de concreto, as paredes de tijolos, as janelas de madeira, etc. Os estudos de “Aquela Noite” e “Projeto para um Deserto”, obras de 2020, formados por desenhos sobrepostos em pedaços de papel vegetal e fragmentos de detalhes da composição, dão ao público a dimensão desse modo de fazer. Às vezes podemos ter a sensação de que foram retiradas algumas camadas mais superficiais dessas composições – talvez os móveis e os moradores dessa casa –, restando apenas o cenário, como podemos observar nos trabalhos “Chácaras e quintais n7”, 1978-2019 e “Sem Título”, 1971-2019, que nos remetem a ambientes externos como jardins e paisagens rurais. Um movimento inverso pode ser percebido no conjunto de peças intituladas “Krazy Kat”, produzidas por Baravelli entre os anos de 1976 e 1977 para integrar, de maneira fictícia, o vazio cenário da tira de jornal Krazy Kat, criada pelo americano George Herriman em 1913. “Proto KK”, apresentado na exposição, embora se aproxime visualmente daquelas produzidas entre 1976 e 1977, foi projetada anos antes do contato do artista com a tirinha. Seu título surge de uma mirada retrospectiva, quando produzido em 2019, e indica uma espécie de intuição do que surgiria quatro anos depois de seu esboço.
“Recém-casada n3”, 2016 e “Os bisnetos de Abaporu”, 2018, obras que integram a série “Caras”, também serão apresentadas na exposição. “O primeiro Abaporu [da série] é de 1984 e como o original da Tarsila é de 1928, já era um neto. Estes de 2018 são os bisnetos”, comenta o artista. A série teve seu início em 1984, por ocasião da 41ª Bienal de Veneza, da qual participou, e foi retomada em 2015. Antes de serem “Caras” – pinturas que são quase objetos, estruturas quase autônomas – alguns daqueles rostos já haviam habitado outras de suas pinturas – aquelas que seguem mais ou menos o esquema figura e fundo – como mais um dos elementos da composição. São como personagens recortados de uma cena e aumentados em 500 vezes o seu tamanho, podendo ser deformados, alterados, misturados ou mesmo inventados, criados do zero.
Baseando sua prática na intersecção entre a produção e o ensino de arte, Baravelli fundou em 1970 a Escola Brasil, junto a José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser. “Centro de experimentação artística dedicado a desenvolver a capacidade criativa do indivíduo”, a Escola Brasil foi importante na formação de dezenas de artistas brasileiros. Participou também da fundação da Revista Malasartes entre 1975 e 1976 e da Revista Arte em São Paulo entre 1981 e 1983, junto a relevantes artistas e críticos da cena contemporânea.
Luiz Paulo Baravelli participou de inúmeras exposições individuais e coletivas desde o final dos anos 1960, destacando-se: Bienal de São Paulo, Brasil; Bienal de Veneza, Itália; Bienal de Havana, Cuba; Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil; MASP – Museu de Arte de São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio, Japão; MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil; Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Argentina; MAC – Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil; Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil.
*Para assistir a fala do artista no dia 13 de março (sexta-feira), às 19h, é preciso confirmar presença através do email rsvp@galeriamarceloguarnieri.com.br.
LUIZ PAULO BARAVELLI
galeria marcelo guarnieri | ribeirão preto
opening
March 12, 2020 / 7pm – 9:30pm
exhibition
March 12 – June 6, 2020
rua nélio guimarães, 1290
ribeirão preto – sp – brasil / 14025 290
[ mapa ]