YAMAMOTO MASAO
galeria marcelo guarnieri | são paulo
abertura
09.11.2018 / 19h – 22h
período de visitação
09.11.2018 – 31.01.2019
Alameda Lorena, 1835
São Paulo – Brasil
[ mapa ]
A Galeria Marcelo Guarnieri (São Paulo) apresenta, a partir do dia 9 de novembro, exposição individual do artista japonês Yamamoto Masao. A mostra reúne livros e fotografias realizados entre 1989 e 2018, incluindo sua mais recente série Bonsai – Microcosms Macrocosms, iniciada em 2018.
Bonsai – Microcosms Macrocosms consiste em um conjunto de registros feitos por Yamamoto Masao dos Bonsais cultivados por Minoru Akiyama, o mais jovem artista de Bonsai a receber o prestigioso prêmio Primeiro-Ministro do Japão. Por meio dessas fotografias, Yamamoto procura entender como o Bonsai, “uma criação nascida de uma colaboração lúdica entre a natureza e as pessoas”, é capaz de dominar a atmosfera do ambiente onde é instalado, promovendo uma sensação de paz e tranquilidade. “Bonsais famosos podem ter centenas ou milhares de anos. Talvez esse tempo de resistência dê à árvore uma espécie de aura. Sua vida, sustentada dentro de um pequeno vaso, com a menor quantidade de terra, abraça a tranquilidade da vida e a agitação da morte. Sua grandeza não é algo que possa ser explicado em palavras.” Afirma Yamamoto.
Além das séries A Box of Ku, Nakazora, Kawa=Flow e Shizuka=Cleanse (exibida pela primeira vez no Brasil), serão apresentadas também as “caixas-poemas” Ryokan e os “livros-sanfona”. As “caixas-poemas” contêm em seu interior, cada, cerca de seis fotografias pequenas e um haiku de autoria de Ryokan (1758 ~1831), importante poeta e monge zen-budista japonês. Na mostra, são dispostas em vitrines, onde é possível ver o conjunto de imagens e versos em diálogo. Já os livros são apresentados abertos, de maneira que o espectador consiga visualizar todas as imagens. O artista entende ambos os formatos também como espaços expositivos, que possuem uma dinâmica própria, onde fica evidente a dimensão material da fotografia – nas imperfeições das bordas do papel e de seu caráter intimista.
“O mundo do Bonsai é semelhante ao mundo do haiku e do waka, já que são construídos apenas por elementos mínimos. Além disso, sempre senti que a fotografia e o haiku são métodos de expressão muito semelhantes. Através do meu trabalho Bonsai – Microcosms Macrocosms, quero que todos vejam e experimentem esse efeito mínimo ainda que máximo, ou em outras palavras, infinito. Você pode pensar “eu poderia ir ver um verdadeiro Bonsai”, mas eu queria que as pessoas ouvissem as “conversas” que eu tive diretamente com o Bonsai. Continuo o meu trabalho em busca de um terreno comum entre a quintessência do Bonsai e a quintessência do que eu percebo como o universo, que é: todas as coisas.”
As pequenas dimensões de algumas fotografias de Masao Yamamoto, assim como os livros ou as caixas, refletem seu interesse pelas miudezas e detalhes, por aquilo que cabe na palma da mão, que precisa ser olhado com calma e atenção. Atenção e paciência também são convocadas na hora de perceber e capturar situações fugazes, pequenas, porém nunca menores em grau de importância, carregadas de poesia e beleza. Pode ser o bater de asas de um pássaro, o olhar vidrado de um bicho, a sombra de um papel que voa ou até mesmo um vaso de flores equilibrando-se na beirada de uma mesa. Podem ser também árvores em miniatura ou coisas que encontra pelos bosques ao redor de sua casa, que em Bonsai e Shizuka adquirem grandes dimensões. As fotografias de Yamamoto, ampliadas quase sempre em preto e branco, se revelam por meio de um manejo cuidadoso da luz, e evidenciam a importância que tanto a claridade, como a escuridão, podem ter na construção de significados.
O haiku é uma forma tradicional poética da literatura japonesa, consiste em um poema curto de 17 sílabas, dividido em três versos, que procura registrar a percepção de um “momento privilegiado”, normalmente relacionado ao meio-ambiente e às estações do ano. Em português, pode ser chamado de haikai ou haicai. O haiku deriva de uma forma poética mais antiga, mas ainda popular, a waka, que havia sido usada durante mil anos antes do haiku. A palavra waka significa “poema japonês”. Bonsai é uma forma de arte japonesa que se utiliza de grama e árvores: um punhado de terra e um vaso são usados para recriar paisagens selvagens em miniatura. O esforço necessário para nutrir e cultivar essas plantas por décadas é imenso, exigindo habilidade especializada. Em outras palavras, o bonsai é uma forma viva de arte.
Yamamoto Masao
1957 – Gamagori, Japão
Vive e trabalha na província de Yamanashi, Japão
As fotografias de Yamamoto Masao capturam instantes e detalhes que, a um rápido olhar, poderiam passar despercebidos. As cenas que constrói, envoltas em uma atmosfera poética, nos remetem a um tempo passado, enigmático e silencioso. Suas fotos em preto e branco por vezes ganham tons amarelados e pequenos rasgos, o que as permite incorporar a carga de uma idade avançada. Assumindo, às vezes, pequenas dimensões, podem ser seguradas na palma da mão ou levadas no bolso da calça, como pequenos amuletos; podem ainda ser guardadas em caixas e formar coleções preciosas, como são as caixas de fotografias de nossos pais e avós. Em algumas situações, Yamamoto escolhe dispô-las na parede em arranjos que assemelham-se a nuvens; os conjuntos acabam por formar poemas visuais que exigem do observador um olhar mais cuidadoso e desacelerado.
Suas primeiras exposições foram realizadas em 1994 e 1996 em São Francisco e Nova York e foram seguidas por inúmeras outras nos Estados Unidos, Europa, Japão, Rússia e Brasil, incluindo, mais recentemente, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, em agosto de 2017. Seus trabalhos integram coleções de museus internacionais de prestígio, como o Museum of Fine Arts, Houston; the International Center of Photography, New York; the Victoria & Albert Museum, Londres; Maison Européenne de la Photographie, Paris. Ele publicou inúmeros livros nos EUA, Espanha, Japão e Alemanha, que foram resenhados no New York Times, no Los Angeles Times e em outras importantes revistas de arte.
YAMAMOTO MASAO
galeria marcelo guarnieri | são paulo
opening
November 9, 2018 / 7 – 10pm
exhibition
November 9, 2018 – January 31, 2019
Alameda Lorena, 1835
São Paulo – Brasil
[ map ]
Galeria Marcelo Guarnieri (São Paulo) presents, from November 9th, the solo show of the Japanese artist Yamamoto Masao. The show brings together books and photographs from 1989 to 2018, including his latest Bonsai series – Microcosms Macrocosms, initiated in 2018.
Bonsai – Microcosms Macrocosms consists of a set of records made by Yamamoto Masao of Bonsais cultivated by Minoru Akiyama, the youngest Bonsai artist to receive the prestigious prize Prime Minister of Japan. Through these photographs, Yamamoto seeks to understand how Bonsai, “a creation born of a playful collaboration between nature and people,” is able to dominate the atmosphere of the environment where it is installed, promoting a sense of peace and tranquility. “Famous bonsai may be hundreds or thousands of years old, and perhaps this time of resistance gives the tree a kind of aura.” His life, propped up in a small pot with the least amount of earth, embraces the tranquility of life and the agitation of death. Its greatness is not something that can be explained in words. ” Yamamoto says.
In addition to the A Box of Ku, Nakazora, Kawa = Flow and Shizuka = Cleanse series (first time exhibited in Brazil), the Ryokan “poem boxes” and the “concert books” will also be featured. The “poem-boxes” each contain about six small photographs and a haiku by Ryokan (1758-1831), an important poet and Japanese Zen Buddhist monk. In the show, they are arranged in shop windows, where it is possible to see the set of images and verses in dialogue. The books are already open, so that the viewer can see all the images. The artist understands both formats also as exhibition spaces, which have their own dynamics, where the material dimension of photography is evident – in the imperfections of the edges of the paper and its intimate character.
“The Bonsai world is similar to the world of haiku and waka, since they are built only by minimal elements, and I have always felt that photography and haiku are very similar methods of expression. Through my work, I want everyone to see and experience this minimal, yet maximum, or in other words, infinite effect. You may think, ‘I could go see a real Bonsai’, but I wanted people to hear the ‘conversations’ that I had directly with the Bonsai. I continue my work in search of a common ground between the quintessence of Bonsai and the quintessence of what I perceive as the universe, which is: all things.”
The small dimensions of some Masao Yamamoto photographs, as well as the books or boxes, reflect his interest in small things and details, what fits in the palm of the hand, which needs to be looked at with calmness and attention. Attention and patience are also required to perceive and capture fleeting situations, small, but never smaller in degree of importance, loaded with poetry and beauty. It could be the flapping of a bird’s wings, the glazed look of an animal, the shadow of a flying paper, or even a vase of flowers balancing on the edge of a table. They may also be miniature trees or things you find in the woods around your house, which in Bonsai and Shizuka take on large dimensions. Yamamoto’s photographs, often enlarged in black and white, reveal themselves through a careful manipulation of light, and demonstrate the importance that both clarity and darkness can have in the construction of meanings.
Haiku is a traditional poetic form of Japanese literature, consisting of a short poem of 17 syllables, divided into three verses, which seeks to record the perception of a “privileged moment,” usually related to the environment and the seasons of the year. In Portuguese, it can be called haikai or haiku. The haiku derives from an older but still popular poetic form, the waka, which had been used for a thousand years before the haiku. The word waka means “Japanese poem”. Bonsai is a Japanese art form that uses grass and trees: a handful of earth and a vase are used to recreate wild, miniature landscapes. The effort required to nurture and cultivate these plants for decades is immense, requiring specialized skill. In other words, bonsai is a living form of art.
Yamamoto Masao
1957 – Gamagori, Japan
Lives and works in Yamanashi Prefecture, Japan
The photographs of Yamamoto Masao capture moments and details that, at a glance, could go unnoticed. The scenes he builds, enveloped in a poetic atmosphere, remind us of a past, enigmatic and silent time. Their black-and-white photos sometimes get yellowish tones and small tears, which allows them to incorporate the load of an advanced age. Assuming, sometimes, small dimensions, they can be held in the palm of the hand or carried in the pocket of the pants, like small amulets; can still be stored in boxes and form precious collections, as are the boxes of photographs of our parents and grandparents. In some situations, Yamamoto chooses to arrange them on the wall in arrangements that resemble clouds; the sets eventually form visual poems that require the observer to look more carefully and decelerate.
His first exhibitions were held in 1994 and 1996 in San Francisco and New York and were followed by numerous others in the United States, Europe, Japan, Russia and Brazil, including more recently at the Oscar Niemeyer Museum (MON) in Curitiba, Brazil. August 2017. His works include collections of prestigious international museums, such as the Museum of Fine Arts, Houston; the International Center of Photography, New York; the Victoria & Albert Museum, London; Maison Européenne de la Photographie, Paris. He has published numerous books in the US, Spain, Japan and Germany, which were reviewed in the New York Times, the Los Angeles Times and other major art magazines.