MARIANNITA LUZZATI. MIGRANTES


MARIANNITA LUZZATI. MIGRANTES

galeria marcelo guarnieri | rio de janeiro

abertura
03.08.2017 / 18h – 21h

período de visitação
03.08 – 06.09.2017


Rua Teixeira de Melo, 31 – lojas C/D
Ipanema – Rio de Janeiro – Brasil
[ mapa ]


As migrações, vegetais ou humanas, transformam radicalmente situações e contextos pré-existentes. Pesquisas paleo-botânicas desenvolvidas a partir de macro-fósseis e diagramas de pólen, indicam que, muito antes de qualquer intervenção do homem, espécies de plantas já migravam devido a alterações climáticas, perturbações naturais e processos de desenvolvimento. Os efeitos da intervenção humana nos ecossistemas florestais, no entanto, vem aumentando progressivamente, por conta do crescimento da população e da diversificação das atividades humanas.

Espécies de árvores introduzidas alteram para sempre o meio ambiente, já que a migração natural de suas sementes acabam por alcançar, em diferentes condições, lugares inesperados. Um grande exemplo deste fenômeno botânico ocorreu no Rio de Janeiro, quando o Príncipe Dom João de Bragança (apaixonado por botânica), criou em 1811, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, com o objetivo de aclimatar plantas trazidas ao Brasil da Índia Oriental. A criação do imenso Jardim Botânico mudou o clima da cidade e foi fundamental ao aparecimento de espécies que coexistem com as florestas tropicais da Baía de Guanabara.

A exposição, primeira individual de Mariannita Luzzati na sede do Rio de Janeiro da Galeria Marcelo Guarnieri, gira em torno dos filmes “Migrantes” e “L’Invitation au Voyage” que dão conta de fundir paisagens reais e imaginárias. As duas pinturas de grande formato e os 6 pequenos desenhos que também integram a exposição estão em constante diálogo com os filmes, que, por sua vez, revelam o processo de colonização do Brasil por Portugal durante a expansão marítima e refletem, através das paisagens de ambos os continentes, sobre o processo de mudanças e interferências que este fluxo gerou.

Os trabalhos em exibição estão relacionados à sua pesquisa anterior. Nela, a artista operava a partir da ideia de  “restauração” da paisagem, a fim de retorná-la ao seu estado “natural”. A vontade de restauração de que trata Luzzati diz respeito a um mundo sem excessos, sejam eles de informação, de imagens ou de cores. A ação de esvaziar pode ser observada não só nas paisagens silenciosas que nos apresenta, mas também na paleta de tons rebaixados que utiliza e até mesmo no aspecto difuso da pintura que dá conta de “nublar” os elementos da cena. Por meio da tinta diluída, sobrepõem-se camadas muito leves que dão corpo a rochedos muito pesados, rodeados pela imensidão do imprevisível oceano. Há uma troca entre cor e forma, onde uma se constrói enquanto a outra se desmancha. Os desenhos se comportam de maneira parecida. São feitos a lápis de cor, material rudimentar que carrega consigo o registro da infância, um registro de leveza e ingenuidade. Tal delicadeza, no entanto, precisa negociar com a dureza da ferramenta: o lápis, ao pintar o papel, evidencia as imperfeições de sua superfície e torna grosso o que seria liso. É do mesmo tipo de troca de que se trata, cor e forma: enquanto uma se constrói, a outra se desmancha.


Mariannita Luzzati, 1963. Vive e trabalha em São Paulo e Londres.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu Vale do Rio Doce de Vitória, Museu Nacional de Buenos Aires, Museum Of London, Haus Der Kulturen Der Welt em Berlim, Maison Saint Gilles em Bruxelas.

Coleções que possuem seus trabalhos: Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil; Fundação Cultural de Curitiba, Brasil; Fundação Padre Anchieta – TV Cultura, São Paulo, Brasil; Museu de Arte de Brasília, Brasil; Machida City Museum of Graphic Arts, Tóquio, Japão; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz Ribeirão Preto, Brasil; Fundação Musei Civici de Lecco e MIDA – Scontrone na Itália; British Museum, Londres, Inglaterra; Essex Collection, Colcherter, Inglaterra; Credit Suisse First Boston; Halifax plc; Herbert Smith; Rexam plc, Londres; Teodore Goddard, Jersey e Pearson plc, Nova York, EUA.

MARIANNITA LUZZATI. MIGRANTES

galeria marcelo guarnieri | rio de janeiro

opening
August 03, 2017 / 6 – 9pm

exhibition
August 03 – September 06, 2017


Rua Teixeira de Melo, 31 – lojas C/D
Ipanema – Rio de Janeiro – Brasil
[ map ]


Migrations radically transform preexisting situations and contexts. Paleo-botanical research developed from macro-fossils and pollen diagrams, indicate that long before any human intervention, plant species have migrated due to climate change, natural disturbances and development processes. The effects of human intervention in forests ecosystems, however, has been progressively increasing, due to population growth and the diversification of human activities.

Species of trees that have been introduced modify the environment forever, since the natural migration of their seeds end up reaching, under different conditions, unexpected places. A great example of this botanical phenomenon occurred in Rio de Janeiro, when the Prince Dom João de Bragança (who was a passionate about botanics) created in 1811, the Botanical Garden of Rio de Janeiro, with the objective of acclimatising plants brought to Brazil from East India. The creation of this huge Botanical Garden changed the climate of the city and was fundamental to the appearance of species that, today, coexist with the tropical forests of the Guanabara Bay.

Mariannita Luzzati’s first solo show at Marcelo Guarnieri Gallery in Rio, revolves around the films “Migrants” and “L’Invitation au Voyage” by Luzzati in which she merges real and imaginary landscape images. The two large-format paintings and the 6 small drawings are in constant dialogue with the films which, in turn, reveals the process of the Portuguese colonisation of Brazil during the maritime expansion and reflects, through the landscapes of both continents, the process of change and that this interference stream generated.

The works on display are related to Luzzati’s previous research in which she explored the idea of “landscape restoration” in which the landscapes returns it to its “natural” state. The silence of those images are reflected at the palettes and at the timeless scenes of the paintings. Light layers of diluted paint are overlapped to give shape to rocks and mountains surrounded by the immensity of the unpredictable ocean. There is an exchange between color and form, in which one is constructed while the other is destroyed. This is also found at the drawings. They are made with coloured pencils on paper, a rudimentary material that carries a record of childhood, lightness and ingenuity which, however, must negotiate with the hardness of the tool where delicacy deals with surface imperfections, bringing hardness to replace softness.


Mariannita Luzzati, 1963. Lives and works between the cities of London, UK and São Paulo, Brazil.

She has participated in numerous solo and group exhibitions, highlighting: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brazil; Centro Cultural São Paulo, Brazil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brazil; Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Brazil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brazil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Brazil; Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Brazil; Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Brazil; Museu Vale do Rio Doce de Vitória, Brazil; Museu Nacional de Buenos Aires, Argentine; Museum Of London, UK; Haus Der Kulturen Der Welt em Berlim, Germany; Maison Saint Gilles em Bruxelas, Belgium.

Collections holding her works include: Itaú Cultural, São Paulo, Brazil; Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brazil; Fundação Cultural de Curitiba, Brazil; Fundação Padre Anchieta – TV Cultura, São Paulo, Brazil; Museu de Arte de Brasília, Brazil; Machida City Museum of Graphic Arts, Tokio, Japan; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brazil; Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, Brazil; Instituto Figueiredo Ferraz Ribeirão Preto, Brazil; Fundação Musei Civici de Lecco and MIDA – Scontrone na Italy; British Museum, London, UK; Essex Collection, Colcherter, UK; Credit Suisse First Boston; Halifax plc; Herbert Smith; Rexam plc, London, UK; Teodore Goddard, Jersey and Pearson plc, New York, USA

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