LAURA VINCI. MORRO MUNDO
galeria marcelo guarnieri | ribeirão preto
abertura
09.06.2017 / 18h – 21h
período de visitação
09.06 – 26.08.2017
rua nélio guimarães, 1290
ribeirão preto – sp – brasil / 14025 290
[ mapa ]
A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta a segunda exposição individual de Laura Vinci em sua unidade Ribeirão Preto, Morro Mundo.
Em Morro Mundo, Laura Vinci ocupa a galeria com uma suave massa de fumaça branca, propondo ao visitante a experiência de, gradualmente, desorientar-se no espaço e reorientar-se no corpo. Vinci apresenta uma máquina programada para soltar fumaça, antes de ser expelida, no entanto, essa fumaça percorre tubos de vidro que atravessam o espaço expositivo de fora a fora. Diferente de outros trabalhos com vapor d’água, aqui ele é anunciado antes de se dispersar no ar, o que faz dos tubos não só um tipo de mensageiro a nos preparar para alguma experiência, como também uma espécie de vitrine por onde o olho pode captar a fumaça em situação de controle. Depois de expelida, então, é ela, a fumaça, quem domina o espaço, tornando as tubulações quase invisíveis para aquele que assiste a cena e que é também engolido por sua névoa. Vagarosamente, enquanto preenche o volume do espaço expositivo, provocando um estado hipnótico no espectador, o vapor desestrutura, de maneira sutil, suas noções de tempo e espaço, colocando esse corpo em estado de suspensão.
Saber a que altura está o teto e a que distância estão as paredes torna-se pouco provável. Não fossem os objetos dourados, pendendo nas escoras que se distribuem pelo espaço, reluzindo feito farol em alto mar, talvez estivéssemos ainda mais perdidos. Esses pequenos objetos configuram-se como ampulhetas, bússolas, mapas e outras ferramentas de medição, que podem nos ajudar a seguir viagem, ainda que um pouco mareados. Carregam consigo pequenas amostras de granada, pedras que simbolizam o impulso e a determinação, explosivas, evocam um desejo de transformação. Imersas na mesma situação em que nos encontramos, onde tempo e espaço parecem retidos, as escoras metálicas, imóveis e bem firmes, nos sugerem que nada pode desabar: nem o prédio, nem nós mesmos. A duração da travessia em meio a bruma, rumo ao fundo da sala expositiva, talvez seja agora duas vezes a de uma experiência anterior. Reacostuma-se o corpo como reacostuma-se o olho no escuro, devagar, no tempo do vapor, aprende-se a caminhar.
Morro Mundo nos coloca diante de um estado de espírito dos tempos atuais, propondo a experiência da confusão e do esgotamento em um espaço de silêncio e vazio. Pode ser que o grande volume de informações e imagens ao qual somos expostos diariamente não consiga dar conta da realidade. Ou ainda, que a realidade já não signifique mais o que por muito tempo significou. Pode ser que outra linguagem e outro tempo precisem ser inventados: novas palavras, gestos e formas de ação. O que Laura Vinci nos propõe aqui é uma pausa, um deslocamento aos porões da superestrutura, um olhar atento aos processos de transformação: da temperatura e pressão, dos estados da matéria, dos corpos e dos espaços.
Laura Vinci nasceu em 1962 em São Paulo, onde vive e trabalha.
Participou de diversas exposições individuais e coletivas desde a década de 1980, destacando-se: Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil; Bienal de São Paulo, Brasil; Bienal de Cuenca, Equador; Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil; Malba, Fundación Constantini, Buenos Aires, Argentina; ArtCenter/South Florida, Miami, EUA; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil; Museo Del Barrio, Nova York, EUA; MAC Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil; Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; RMIT University, Melbourne, Australia; Fundação Caloste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Haus der Kulturen der Welt: HKW, Berlim, Alemanha
Coleções que possuem seus trabalhos: Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte de Brasília, Brasil; Centro Cultural São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil
LAURA VINCI. MORRO MUNDO
galeria marcelo guarnieri | ribeirão preto
opening
June 9, 2017 / 6 – 9pm
período de visitação/exhibition
June 9 – August 26, 2017
rua nélio guimarães, 1290
ribeirão preto – sp – brasil / 14025 290
[ map ]
Galeria Marcelo Guarnieri presents Laura Vinci’s second solo exhibition, named Morro Mundo, at its Ribeirão Preto unit.
In Morro Mundo, Laura Vinci occupies the entire gallery with a soft mass of white smoke, proposing to the visitor the experience of gradually becoming disoriented in space and getting reoriented in your own body. Vinci presents a machine programmed to release smoke – before being expelled, however, this smoke runs through glass tubes that cross the exhibition space from one side to another. Unlike other works with water vapor, here the fog is announced before it is dispersed in the air, which makes the tubes not only a type of messenger to prepare us for some experience, but also a kind of showcase where the eye can capture the smoke in a controlled situation. After being expelled, the smoke is the one to dominate the space, making the pipes almost invisible to the one who watches the scene and who is also swallowed by its mist. Slowly, while filling the volume of the exhibition space, provoking a hypnotic state in the viewer, the vapor subtly deconstructs one’s notions of time and space, putting the body in a state of suspension.
To know how high is the ceiling and how far are the walls becomes something very unlikely to happen. If it weren’t for the golden objects hanging from the anchors that are spread throughout the space, glittering like a lighthouse on the high seas, perhaps we would be even more lost in the space. These small objects are configured as hourglasses, compasses, maps and other measuring tools, which can help us travel, although a bit dizzy. They carry with them small samples of grenade, stones that symbolize the impulse and determination – also explosives, they evoke a desire for transformation. Immersed in the same situation in which we find ourselves, where time and space seem to be retained, the metal anchors, still and firm, suggest that nothing can collapse: neither the building nor ourselves. The duration of the crossing in the middle of the fog, towards the back of the exhibition hall, may now be twice as long as a previous experience. The body accommodates itself just as the eye gets adjusted in the dark, slowly, in the time of the water vapor, one learns how to walk.
Morro Mundo places us before a state of mind of the present times, proposing the experience of confusion and exhaustion in a space of silence and emptiness. It might be true that the massive volume of information and images to which we are exposed on a daily basis cannot account for reality. Or that reality no longer means what it has meant for a long time. Perhaps, another language and another time must be invented: new words, gestures, and forms of action. What Laura Vinci proposes here is a pause, a shift to the basements of the superstructure, a watchful eye on the processes of transformation of temperature and pressure, states of matter, of bodies and spaces.
Laura Vinci was born in 1962 in São Paulo, where she lives and works.
She has participated in several solo and collective exhibitions since the 1980s, including: Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brazil; Biennial of São Paulo, Brazil; Biennial of Cuenca, Ecuador; Mercosur Biennial, Porto Alegre, Brazil; Malba, Constantini Foundation, Buenos Aires, Argentina; ArtCenter / South Florida, Miami, USA; Museum of Modern Art of São Paulo, Brazil; Museum of Modern Art of Bahia, Salvador, Brazil; Museo Del Barrio, New York, USA; MAC Museum of Contemporary Art, University of São Paulo, Brazil; Tomie Ohtake Institute, São Paulo, Brazil; RMIT University, Melbourne, Australia; Caloste Gulbenkian Foundation, Lisbon, Portugal; Haus der Kulturen der Welt: HKW, Berlin, Germany.
Collections that holds her works: Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais, Brazil; Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Brazil; Museu de Arte de Brasília, Brazil; Centro Cultural São Paulo, Brazil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brazil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brazil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brazil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brazil.