GABRIELA MACHADO
galeria marcelo guarnieri | são paulo
abertura
10.04.2018 / 17h – 22h
período de visitação
10.04 – 26.05.2018
Alameda Lorena, 1835
São Paulo – Brasil
[ mapa ]
Quando indagada sobre onde se imaginaria trabalhando, além do seu ateliê no Jardim Botânico, Gabriela Machado responde: “Em qualquer lugar, eu só preciso entrar e necessito de tempo. Posso estar em qualquer espaço ou lugar do mundo que vou me relacionar com o que está à volta. Porque em qualquer lugar se acham coisas interessantes, cria-se um olhar, constrói-se uma relação.”
Foi exatamente assim, em viagens pelo mundo e residências artísticas, entre os anos de 2013 e 2018, que desenvolveu diversas séries de pinturas e um conjunto de esculturas. Em sua primeira exposição individual na unidade São Paulo da Galeria Marcelo Guarnieri, de 10.04 a 26.05.2018, será possível ver uma reunião inédita desses trabalhos, alguns vindo a público pela primeira vez. As esculturas são oriundas da série Vibrato, concebida entre Portugal (em residência na fábrica de cerâmica São Bernardo) e Rio de Janeiro e apresentada em 2016 no MAM-RJ.
Embora produza a partir de variadas dimensões desde a década de 1990, tiveram maior destaque em sua carreira as pinturas de grande escala e cores vibrantes, interessadas por elementos da paisagem que abarcavam desde visões de florestas, praias e morros, aos detalhes de um ramo de flores pousado na mesa de seu ateliê. A partir de 2013, Gabriela passou a concentrar-se na pintura de pequenas dimensões, rebaixando os tons de sua paleta de cores e compondo imagens menos festivas e mais silenciosas. Trabalhar em telas menores estimulava uma prática que ia além do espaço do ateliê: a mobilidade do material permitia à artista produzir em diferentes contextos, contaminando-se por eles. Foi o que aconteceu nos cinco anos seguintes, quando desenvolveu novas séries enquanto viajava para países como Portugal, Estados Unidos e regiões como a Patagônia, o sul de Minas Gerais e o litoral da Bahia. As pinturas apresentadas na exposição compõem um recorte de cada uma dessas séries, semelhantes por suas dimensões, mas distintas em suas particularidades como conjuntos.
Em 2016, no período que passou em residência nos Hamptons, cores menos pálidas retornam a suas telas, pouco intimidadas pelo efeito que a escala diminuta do suporte produzia em qualquer elemento da composição. Voltaram à cena os vermelhos e rosas, embora ainda envoltos em cores mais geladas como o cinza e o bege. Nas pinturas mais recentes, produzidas a partir de 2017, aparecem os amarelos e verde-neons mergulhados em azuis escuros, vermelho-carmim misturado ao preto e ao laranja. Ainda se trata da paisagem, das flores, dos bichos, do mar e da floresta, mas agora há uma especial fascinação pelas visões noturnas, pela lua e pelos efeitos da luz.
As esculturas da série Vibrato se configuram em materiais diversos tais quais porcelana, madeira, bronze, gesso, argila e pedras. Oscilam não só a partir dos materiais, mas também a partir dos formatos, das alturas que alcançam e das cores que incorporam, compondo, juntas, uma espécie de sinfonia. Como observou Ronaldo Brito: “Daí o modo coerente como se apresentam em exposição – dispostas meio aleatoriamente sobre uma mesa comprida, em bases provisórias, que pertencem e não pertencem às esculturas. Ora falam, conversam à vontade entre si, ora se distanciam, isoladas em sua unidade formal particular.” As peças foram produzidas entre 2013 e 2015, período em que experimentou traduzir alguns procedimentos de suas pinturas para a escultura.
O trânsito entre linguagens é algo frequente em sua produção, colocar-se diante do desconhecido é uma estratégia que Gabriela assume para desafiar-se constantemente. Assim como as viagens, onde precisa se adaptar a novos idiomas, paisagens, condições climáticas, culturas e comportamentos, outras técnicas e linguagens lhe exigem outros modos de raciocínio, ação e composição. Além das artes visuais, Gabriela também se envolve com a música, com a dança, com a fotografia e com a literatura. Levando a ideia do movimento às últimas consequências, decidiu reunir em um livro, objeto portátil por excelência, algumas dessas pinturas menores que apresenta nesta exposição. “pequenas pinturas” é um dos resultados dessa prática cheia de cruzamentos: um livro de pinturas, pequenas e afetivas, que já são em si páginas de um diário. O lançamento ocorre no dia 13 de abril, das 19h às 20h no Lounge de Lançamentos da sp-arte, localizado no piso térreo do prédio da Bienal.
GABRIELA MACHADO
galeria marcelo guarnieri | são paulo
opening
April 10, 2018 / 5 – 10pm
exhibition
April 10 – May 26, 2018
Alameda Lorena, 1835
São Paulo – Brasil
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When asked about where she would imagine herself to be working, besides her atelier at Jardim Botânico, Gabriela Machado responds: “Anywhere, I just need to get in and I need time. I can be in any space or in any place in the world – I will relate to what is around me. Because interesting things can be found anywhere, a look is created, a relationship is built.”
It was exactly by this means, on trips around the world and artistic residences, between 2013 and 2018, that Machado developed several series of paintings and a set of sculptures. In her first solo exhibition at São Paulo’s unit of Marcelo Guarnieri Gallery, from 04.10 to 05.26.2018, it will be possible to see an unpublished meeting of these works, some of them being public for the first time. The sculptures come from the Vibrato series, conceived between Portugal (in residence at the São Bernardo pottery factory) and Rio de Janeiro and presented in 2016 at MAM-RJ.
Although Machado has produced works in various dimensions since the 1990s, major attention was given to the large-scale paintings and vibrant colors, interested in landscape elements ranging from views of forests, beaches and hills, to the details of a bunch of flowers on the table of her atelier. From 2013 on, Gabriela began to focus on small paintings, lowering the tones of her color palette and composing less festive and quieter images. Working on smaller canvas stimulated a practice that went beyond the studio space: the mobility of the material allowed the artist to produce in different contexts, contaminating herself by them. That’s what happened in the next five years, when she developed new series while traveling to countries such as Portugal, the United States and regions such as Patagonia, southern Minas Gerais and the coast of Bahia. The paintings presented at the exhibition compose a cut from each of these series, similar in size but distinct in their particularities as a set.
In 2016, during the period spent in residence in the Hamptons, less pale colors return to her canvases, little intimidated by the effect that the diminutive scale of the support produced in any element of the composition. The reds and roses came back to the scene, though still wrapped in colder colors like gray and beige. In the most recent paintings, produced as of 2017, the yellows and neon-greenish tones appear, immersed in dark blues, carmine red mixed with black and orange. It is still about the landscape, the flowers, the animals, the sea and the forest, but now there is a special fascination with the night visions, the moon, and the effects of light.
The sculptures of the Vibrato series are made of various materials such as porcelain, wood, bronze, plaster, clay and stones. They oscillate not only from the materials, but also from the formats, the heights they reach and the colors they incorporate, composing, together, a kind of symphony. As Ronaldo Brito observed: “Hence the coherent way they are presented on display – arranged randomly on a long table, on provisional bases, which belong and do not belong to the sculptures. Sometimes they speak, talk freely among themselves, sometimes they distance themselves, isolated in their particular formal unity.” The pieces were produced between 2013 and 2015, when Machado tried to translate some of her paintings’ procedures to sculpture.
The transit between languages is something frequent in Machado’s production – to put herself before the unknown is a strategy that she takes on in order to challenge herself constantly. Just like the trips, where she needs to adapt to new languages, landscapes, climatic conditions, cultures and behaviors, other techniques and languages require other forms of reasoning, action, and composition. In addition to the visual arts, Machado is also engaged with music, dance, photography and literature. Taking the idea of the movement to the last consequences, she decided to gather in a book, portable object by excellence, some of these smaller paintings that presents in this exhibition. “pequenas pinturas” is one of the results of this practice full of intersections: a book of paintings, small and affective, which are themselves already the pages of a diary. The launch takes place on April 13, from 7 to 8pm in the Launching Lounge of sp-arte, located on the ground floor of the Bienal building.