LIUBA E AMIGOS

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galeria marcelo guarnieri | ribeirão preto

abertura
19.03.2016 / 14h – 18h

período de visitação
19.03 – 29.04.2016


LIUBA E AMIGOS (Marcello Grassmann, Bruno Giorgi, Ernesto De Fiori, Yolanda Mohalyi, Frans Krajcberg, Samson Flexor, Francisco Rebolo)

A Galeria Marcelo Guarnieri – Ribeirão Preto apresenta entre os dias 19 de março e 29 de abril a exposição LIUBA E AMIGOS.
A mostra exibe um conjunto de obras produzidas por Liuba entre as décadas de 1960 e 1970, no período compreendido há uma mudança formal significativa em sua produção. Se nos anos anteriores seus trabalhos partiam de uma representação mais tradicional da figura humana: cabeças em bronze e gesso, nos anos posteriores essa mudança é marcada por uma transição entre a figuração e a abstração. Como observa a própria artista: “Para mim, eles são animais. Mas eu não posso explicar de onde eles vêm – deve ser do meu subconsciente”(1), suas formas, mesmo que reconhecíveis, são de fato uma simbiose entre vegetal e animal.

Nas peças há uma certa tensão, as figuras estão a ponto de realizarem algum movimento, que sempre é abruptamente interrompido por sua condição estática, a base está lá, dando o peso de sua circunstância física e histórica. A aparência robusta e a monumentalidade são atributos os quais a artista articula habilmente não importando o tamanho da peça: pequena, grande ou muito grande. As esculturas não têm apenas uma constituição totêmica (Liuba e seu marido Ernesto Wolf mantinham um grande interesse por arte e artefatos africanos), mas suas formas remetem à culturas ancestrais e arcaicas, “até as mais abstratas e simplistas esculturas mantêm algo do bestiário ancestral”, como escreveu Antônio Gonçalves Filho(2). Os animais de Liuba são pontiagudos, ocupam mais espaço do que lhes é dado, transbordam em pontas. A carga dramática quase é ouvida pela boca que se abre em forma de alicate, ou ferramenta de trabalho, sugerindo um grito ou o abocanhar de um predador.

Durante a formação da artista, a escultora francesa Germaine Richier foi de fundamental importância no desenvolvimento do processo escultórico de Liuba. De 1944 a 1949, teve aulas com ela em Paris e posteriormente em Zurique, trabalhando inclusive junto a Richier neste segundo país que fixou residência. O que aproxima ambas as artistas pode ser melhor entendido nos anos 60, as figuras-animais-vegetais possuem uma certa semelhança com as formas escultóricas executadas por Richier. Liuba segue com a mesma técnica utilizada por Germaine na tradição da escultura clássica: o processo de trabalho é iniciado com a modelagem da figura em argila e a partir da técnica tradicional de molde em cera perdida o original em argila é fielmente reproduzido em gesso. A peça em gesso é trabalhada novamente pela artista em sua superfície até obter o efeito tátil que ela procurava: “rústico em algumas partes, liso em outras”(3), como definia. À partir daí ela supervisionava pessoalmente a fundição das peças em bronze e tomava extremo cuidado com o acabamento em pátina preta ou marrom obtida com o tratamento com ácidos.

Somadas às peças escultóricas, treze desenhos aparecem na exposição, de forma a seguir uma narrativa que conduz o processo de produção das esculturas – os desenhos ora são estudos e ora possuem uma maior autonomia.

Além dos trabalhos de Liuba, são exibidas obras de Marcello Grassmann, Bruno Giorgi, Ernesto De Fiori, Yolanda Mohalyi, Frans Krajcberg, Samson Flexor e Francisco Rebolo, tais artistas foram amigos de Liuba e produziram na mesma época. Os trabalhos foram realizados entre as décadas de 1930 e 1970 e orbitam na exposição a criar um campo de entendimento sobre a produção de Liuba: figuras expressionistas e polimorfas; espaço doméstico; abstracionismo e outras relações mais expandidas.


Sobre Liuba
Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba ingressa em 1943 na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. De 1944 a 1949 estuda com a escultura francesa Germaine Richier, a princípio na Suíça e em seguida em Paris, onde passa a viver e trabalhar em 1946. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta atelier também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suíça. Falece em São Paulo em 2005.
Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se nas seguintes instituições: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965; Museu Nacional de Arte Moderna de Paris, 1967; Museu de Saint Paul de Vence na França, 1968; Hakone Open Air Museum no Japão, 1985; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1996. Participou anualmente do Salon de la Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979; do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963; da Bienal Internacional de São Paulo nos anos 1963, 1965, 1967 e 1973; e de diversas edições do Panorama de Arte Atual Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo no período de 1970 a 1985. Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de la Sculpture en Plein Air de la Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, da Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília.


(1) Fala da artista no livro de Sam Hunter – “Liuba: At the Edge of Abstraction”. “To me, they are animals. But I can’t explain where day come from – it must be from my subconscious”.
(2) Antônio Gonçalves Filho – “Em estado puro” in Liuba: Esculturas; Relevos; Desenhos; Jóias, catálogo da exposição, São Paulo, Pinacoteca do Estado, 1996.
(3) Fala da artista no livro de Sam Hunter – “Liuba: At the Edge of Abstraction”. “…rough in some places, smooth in some places”.

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